terça-feira, fevereiro 27, 2007

Os posts dos outros




...transforma-se a vida real numa ode de prosa poética!

Às vezes troca-se o vice e o versa; vive-se de acordo com uma ode, às vezes com prosa, outras com poesia!

Misturam-se na escrita (no caderno vindo do Ganjes, nas linhas azuis, ou noutro caderno qualquer, de sonhos, de atrofios, tanto faz - às vezes até nuns cadernos demasiado pessoais para serem desvendados, quem sabe sequer se existem na verdade?) palavras soltas dos grandes mestres, dos clássicos, dos mais geniais que nós, com palavras tiradas da nossa existência quotidiana, com outras que nem se sabe de onde vieram, se dizem a verdade ou se mentem, ainda com recordações de uma vida passada (às vezes parece que com a vida toda condensada num grito e numa imagem apenas).











E qual o resultado? Seremos mesmo nós ou outros quaisquer? Será verdade ou mentira? Arte ou futilidade? Contradição ou sinónimo?
Talvez apenas a vontade de seguir em frente, de ser surpreendido mais uma vez, assim apenas, ao sabor do vento frio que entrou por essa janela, desse vislumbre fugidio de intimidade e impudícia e dessa espreitadela mal disfarçada de quem finge que não quer ser observada!

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

À atenção de dois casmurros que nunca hão de ler este post!

A minha avó Catarina, com a qual na maior parte dos assuntos passíveis de discussão discordo solenemente, tinha apesar de tudo, quando eu era mais novo, uma capacidade única para me desarmar, pela palavra, de certas birras - as que envolviam defender um qualquer ponto de vista indefensável ou do qual fosse impossível fazer prova irrefutável. Dizia ela: "um teimoso só não teima!" É difícil responder a isto, por muito casmurro que se seja, e só já não sinto necessidade de o fazer porque, entretanto e com a idade, acho que a mensagem fundamental por detrás do seu rifão foi interiorizada (e então tento lembrar-me dele - do rifão - e dela - da mensagem, não da minha avó - em momentos passíveis de virem a tornar-se teimosias). Mas enfim, imagino que nem toda a gente tenha uma avó Catarina, portanto por aí talvez não se chegue longe!
Eu sou teimoso, não me entendam mal, mas há uma diferença substancial entre teimar por ninharias, no dia-a-dia, e em ser-se conflituoso devido a teimosias ou casmurrices! Isso não sou; confesso até que às vezes me questiono com preocupação onde termina o ser-se conciliador e flexível e começa a personalidade fraca ou falta de "nervo"! Sinceramente, acho que é possível compatibilizar-se o ter-se princípios e convicções com fazer-se o máximo possível por compreender, respeitar, conviver com os princípios distintos dos outros. Até, quem sabe, questionar-se os nossos próprios princípios e certezas em função do que nos é dado a observar à nossa volta! Mas enfim, mais uma vez imagino que haja muita gente para quem os princípios são mais sagrados e importantes do que as outras pessoas (mesmo que uns sejam abstractos e as outras concretas e verdadeiras).
Outra pessoa também muito importante para mim tem um outro rifão interessante: "O homem evoluiu quando passou da agressão à ameaça, depois da ameaça ao insulto, do insulto à indiferença, e finalmente da indiferença ao diálogo" (é assim? se não for exactamente corrige-me, mas a ideia é esta!). Acontece que há muita gente presa na fase da indiferença, na do insulto, na da ameaça e, em casos extremos, no valente enxerto de porrada para resolver os seus diferendos! E há também muitas combinações possíveis destes vários estádios, em doses diferentes e com nuances, de acordo com as personalidades de cada um, com o género, com a forma como correu o dia... enfim, tudo o que se possa imaginar!
O pior é quando pessoas que se crêem inteligentes, que ainda por cima têm relações próximas e estreitas, decidem regredir na escala da evolução humana (e nesta eu acredito mais do que em qualquer Darwinismo, porque é uma perspectiva muito humanista!). A isso, para usar uma expressão "fedorenta", eu chamo parvoíce! Para usar uma expressão mais comum e que expressa muito melhor a minha estupefacção, é pura e simplesmente ESTUPIDEZ!
Mas a verdade é que os egos das pessoas, e esses em conjunção com géneros, hormonas, orientações sexuais, nacionalidades e muitos outros factores, provocam por vezes situações imprevisíveis e inusitadas. Absolutamente inesperadas e que são absolutos mistérios para uma mente tão limitadinha como é a minha (diga-se de passagem que nem sequer sei muito bem se deva averiguar ou não).
E pronto, tenho dito! Não resolvo nada, não ajudo, não clarifico, mas pelo menos está dito - e escrito que é muito mais vinculativo!
Ah... e também tinha saudades de escrever!

(sem título)

Não existe poeta verdadeiro,
existem somente Homens e poesia!
O Homem que é poeta é um embusteiro,
e se o não fosse nunca escreveria.

Existe vil miséria e atoleiro
e Homens que o descrevem com mestria,
mas poeta? Está por vir o primeiro
que não mude mau-estar em agonia.

Porque nunca se escreve o que se sente
ou sentem palavras, que nada são;
e por isso o poeta mente... mente:

Transforma um ai em pranto e depressão,
um passo numa epopeia eloquente,
e essa é a verdadeira ilusão.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007