O fumo contém benzeno, nitrosaminas, formaldeído e cianeto de hidrogénio.
...
...
e isso é bom ou mau???
quarta-feira, outubro 26, 2005
terça-feira, outubro 25, 2005
7 anos
7 anos é muito tempo... é IMENSO tempo!
Não passam a correr, de modo algum, mas estes últimos 7, parece que passaram depressa!
Parece que tudo o que aprendemos foi aprendido depressa, agora que já o sabemos!
Parece, de uma forma estranha, que há 7 anos e um dia foi ontem, e que tudo se passou, como num sonho, rapidamente e como se fosse magia, durante uma noite de sono e sonhos bons! Como se de ontem para hoje tivesse aprendido todas estas coisas contigo e não pudesse sequer ter sido de outra forma!
Estes 7 anos sabem-me bem! Melhor do que qualquer coisa que possa definir ou tenha alguma vez provado! Sabem muito melhor do que a soma dos seus ingredientes...
Agora que penso nisso, sabem muito melhor do que os 84 meses que passaram, do que os 2557 dias, do que as 61368 horas, os 3682080 minutos ou os 220924800 segundos que passámos juntos, pelo menos como estamos agora, em que me tornei um bocadinho de ti e tu um bocadinho de mim!
7 anos é muito tempo, ou se calhar é apenas uma noite e amanhã, quando acordarmos, podemos começar a contar outra vez!
Não passam a correr, de modo algum, mas estes últimos 7, parece que passaram depressa!
Parece que tudo o que aprendemos foi aprendido depressa, agora que já o sabemos!
Parece, de uma forma estranha, que há 7 anos e um dia foi ontem, e que tudo se passou, como num sonho, rapidamente e como se fosse magia, durante uma noite de sono e sonhos bons! Como se de ontem para hoje tivesse aprendido todas estas coisas contigo e não pudesse sequer ter sido de outra forma!
Estes 7 anos sabem-me bem! Melhor do que qualquer coisa que possa definir ou tenha alguma vez provado! Sabem muito melhor do que a soma dos seus ingredientes...
Agora que penso nisso, sabem muito melhor do que os 84 meses que passaram, do que os 2557 dias, do que as 61368 horas, os 3682080 minutos ou os 220924800 segundos que passámos juntos, pelo menos como estamos agora, em que me tornei um bocadinho de ti e tu um bocadinho de mim!
7 anos é muito tempo, ou se calhar é apenas uma noite e amanhã, quando acordarmos, podemos começar a contar outra vez!
terça-feira, outubro 18, 2005
Tibetan peace garden
We Human beings are passing through a crucial period in our development. Conflict & mistrust have plagued the past century, which has brought immesurable human suffering & environmental destruction. It is in the interest of all of us on this planet that we make a joint effort to turn the next century into an era of peace & harmony.
May this PEACE GARDEN become a monument to the courage of the tibetan people & their commitment to peace. May it remain as a symbol to remind us that human survival depends on living in harmony & on always choosing the path of non-violence in resolving our differences.
The XIV Dalai Lama of Tibet.
13-May-1999
...
...
...
Well, it may not be the most inspired message ever, but it's a good, simple, honest, usefull urge for peace, love, understanding and tolerance!
Problem is, the beggining of our new century, insofar, has been everything but an auspicious one - to say the least! - in what concerns peace, love, understanding or tollerance!
Even worse is my guess (and I think it doesn't take a genious to guess this) that this message will be even more urgent in 10, 20, maybe 50 years - that is assuming that there will still be someone with good sense on this planet to whom the message may be directed at!!
And by the way... it got me wondering; why on earth was the peace garden built precisely next to the huge and somewhat oppressive Imperial WAR Museum!!?? Maybe that's the whole point... but still I wonder!
(notes from London - cheers)
May this PEACE GARDEN become a monument to the courage of the tibetan people & their commitment to peace. May it remain as a symbol to remind us that human survival depends on living in harmony & on always choosing the path of non-violence in resolving our differences.
The XIV Dalai Lama of Tibet.
13-May-1999
...
...
...
Well, it may not be the most inspired message ever, but it's a good, simple, honest, usefull urge for peace, love, understanding and tolerance!
Problem is, the beggining of our new century, insofar, has been everything but an auspicious one - to say the least! - in what concerns peace, love, understanding or tollerance!
Even worse is my guess (and I think it doesn't take a genious to guess this) that this message will be even more urgent in 10, 20, maybe 50 years - that is assuming that there will still be someone with good sense on this planet to whom the message may be directed at!!
And by the way... it got me wondering; why on earth was the peace garden built precisely next to the huge and somewhat oppressive Imperial WAR Museum!!?? Maybe that's the whole point... but still I wonder!
(notes from London - cheers)
terça-feira, outubro 11, 2005
Silence
Sometimes slience hurts more than the worst, ill-intentioned, wrong-doing or insult!
Sometimes silence stings like needles pushed deeper and deeper inside your guts!
Sometimes silence means despise, sometimes it means absence, but worst of all
Sometimes silence means (I guess) just cold and sheer indiference,
and that just makes you deeply deeply sad...
the kind of sadness which feels like you could die from!
Please... just speak!
Sometimes silence stings like needles pushed deeper and deeper inside your guts!
Sometimes silence means despise, sometimes it means absence, but worst of all
Sometimes silence means (I guess) just cold and sheer indiference,
and that just makes you deeply deeply sad...
the kind of sadness which feels like you could die from!
Please... just speak!
terça-feira, outubro 04, 2005
Amizade e Comunicação
To P.M.
Amizade e comunicação têm bastante em comum. São fenómenos estranhos, misteriosos, difíceis de definir; parece não se saber muito bem como começam e onde deixam de funcionar, porque resultam ou não, como se estabelecem diferentes dinâmicas ao longo da sua existência e, sem dúvida, há muito de uma na outra - seja qual for a ordem dos factores que se escolha, mas principalmente parece-me ser indispensável uma boa dose de comunicação numa boa amizade, enquanto que, por outro lado, é mais agradável comunicar-se com alguém por quem se sente, pelo menos, alguma empatia!
Acho que é possível fazer um esforço, conscientemente, para criar, manter, melhorar e aprofundar tanto amizades como comunicações com outras pessoas, mas também acho que as mais gratificantes são aquelas que parece que simplesmente acontecem, sem mais nada, sem aviso, sem esforço, sem demasiadas expectativas, sem explicação aparente, enfim, sem problemas (não tenho a certeza de que isto exista, na verdade... pelo menos estas características todas ao mesmo tempo)!
Mas essas também são as mais difíceis de compreender, porque muitas vezes são quase ilógicas. Pessoalmente tenho experiência de pessoas com quem tanto a comunicação como a amizade que temos são absolutamente bizarras, e no entanto são as que mais prezo e pelas quais faria (e tenho feito) qualquer coisa para as manter, incluindo esforços para resolver quaisquer problemas que sinta que se lhes deparam!
Não tenho muitas amizades a sério e não sei explicar porquê. Há muita gente com quem comunico com uma facilidade incrível (talvez às vezes até com demasiada facilidade para a confiança que tenho com elas); depois um número um pouco mais pequeno de pessoas por quem posso pôr as mãos no fogo e que acho que fariam o mesmo por mim (mesmo assim aqui ainda está muita gente porque acho que sou um bocado crédulo); um círculo mais restrito de pessoas que me conhecem MUITO bem e que eu sei que estarão sempre lá para mim e vice-versa.
Talvez a estes últimos já possa chamar amigos, mas a verdade é que quando penso na palavra ocorrem-me sempre duas pessoas, bastante diferentes entre si e, sobretudo, com quem comunico de formas diametralmente opostas! Com uma comunico por palavras, por imagens, por pensamentos, por tudo e mais alguma coisa e às vezes até por nada; com a outra [que és tu, no caso de ficares com dúvidas] ainda não percebi se comunico ou não, nem como, mas a verdade é que a amizade continua sempre lá, estranha, forte, como um pano de fundo, uma camada subjacente, arcaica e primordial, uma energia... daí que tenha que pressupor que exista entre nós uma comunicação de qualquer tipo que eu não compreendo bem. É uma comunicação invisível, inaudível e impalpável. É etérea!
É talvez por isso que, chegado a este ponto da minha divagação e sem ter ponderado que isso pudesse acontecer, tenho de admitir que se calhar os dois sujeitos do meu texto não andem sempre a par, ao mesmo tempo e sob as mesmas formas; ou então há ainda mais formas de cada uma do que eu tinha suposto e são impossíveis sequer de catalogar, quanto mais de compreender, pelo menos para mim e para o meu pequeno intelecto!
O mais curioso de tudo, no entanto, é que este texto não é mais claro no fim do que o era no princípio, muito pelo contrário, e que não há ponto nenhum a provar, nem a defender, só a certeza da amizade... uma amizade estranha... uma comunicação estranha... mas que não trocava por nada!
Um grande abraço amigo, de longe, e já agora desculpa por já passar da hora, mas demorou-me mais tempo a atinar com os pensamentos e com os acentos num teclado alemão do que estava à espera... mas em Portugal ainda são 23:12 de dia 3!!!!!!!!!!!!!!
Amizade e comunicação têm bastante em comum. São fenómenos estranhos, misteriosos, difíceis de definir; parece não se saber muito bem como começam e onde deixam de funcionar, porque resultam ou não, como se estabelecem diferentes dinâmicas ao longo da sua existência e, sem dúvida, há muito de uma na outra - seja qual for a ordem dos factores que se escolha, mas principalmente parece-me ser indispensável uma boa dose de comunicação numa boa amizade, enquanto que, por outro lado, é mais agradável comunicar-se com alguém por quem se sente, pelo menos, alguma empatia!
Acho que é possível fazer um esforço, conscientemente, para criar, manter, melhorar e aprofundar tanto amizades como comunicações com outras pessoas, mas também acho que as mais gratificantes são aquelas que parece que simplesmente acontecem, sem mais nada, sem aviso, sem esforço, sem demasiadas expectativas, sem explicação aparente, enfim, sem problemas (não tenho a certeza de que isto exista, na verdade... pelo menos estas características todas ao mesmo tempo)!
Mas essas também são as mais difíceis de compreender, porque muitas vezes são quase ilógicas. Pessoalmente tenho experiência de pessoas com quem tanto a comunicação como a amizade que temos são absolutamente bizarras, e no entanto são as que mais prezo e pelas quais faria (e tenho feito) qualquer coisa para as manter, incluindo esforços para resolver quaisquer problemas que sinta que se lhes deparam!
Não tenho muitas amizades a sério e não sei explicar porquê. Há muita gente com quem comunico com uma facilidade incrível (talvez às vezes até com demasiada facilidade para a confiança que tenho com elas); depois um número um pouco mais pequeno de pessoas por quem posso pôr as mãos no fogo e que acho que fariam o mesmo por mim (mesmo assim aqui ainda está muita gente porque acho que sou um bocado crédulo); um círculo mais restrito de pessoas que me conhecem MUITO bem e que eu sei que estarão sempre lá para mim e vice-versa.
Talvez a estes últimos já possa chamar amigos, mas a verdade é que quando penso na palavra ocorrem-me sempre duas pessoas, bastante diferentes entre si e, sobretudo, com quem comunico de formas diametralmente opostas! Com uma comunico por palavras, por imagens, por pensamentos, por tudo e mais alguma coisa e às vezes até por nada; com a outra [que és tu, no caso de ficares com dúvidas] ainda não percebi se comunico ou não, nem como, mas a verdade é que a amizade continua sempre lá, estranha, forte, como um pano de fundo, uma camada subjacente, arcaica e primordial, uma energia... daí que tenha que pressupor que exista entre nós uma comunicação de qualquer tipo que eu não compreendo bem. É uma comunicação invisível, inaudível e impalpável. É etérea!
É talvez por isso que, chegado a este ponto da minha divagação e sem ter ponderado que isso pudesse acontecer, tenho de admitir que se calhar os dois sujeitos do meu texto não andem sempre a par, ao mesmo tempo e sob as mesmas formas; ou então há ainda mais formas de cada uma do que eu tinha suposto e são impossíveis sequer de catalogar, quanto mais de compreender, pelo menos para mim e para o meu pequeno intelecto!
O mais curioso de tudo, no entanto, é que este texto não é mais claro no fim do que o era no princípio, muito pelo contrário, e que não há ponto nenhum a provar, nem a defender, só a certeza da amizade... uma amizade estranha... uma comunicação estranha... mas que não trocava por nada!
Um grande abraço amigo, de longe, e já agora desculpa por já passar da hora, mas demorou-me mais tempo a atinar com os pensamentos e com os acentos num teclado alemão do que estava à espera... mas em Portugal ainda são 23:12 de dia 3!!!!!!!!!!!!!!
sábado, outubro 01, 2005
Renascentismo, Barroquismo, Modernismo, Especialismo. (!??!)
Para além de todos os outros, há um pequeno mal da nossa sociedade - dita contemporânea, moderna, desenvolvida, ocidental - que me atormenta e aflige um pouco.
Assim, como me é extraordinariamente difícil ter sequer pretensões a escrever algo relevante sobre, por exemplo: Conflitos Internacionais; Terrorismo; Pandemias; Calamidades Naturais; Questões Sociais; Problemas Políticos e eleições autárquicas, que não são bem a mesma coisa!; etc, etc, etc (ena, só assim fazendo uma enumeração, mesmo não exaustiva, é que uma pessoa se apercebe de quão mal vai o nosso Mundo), limito-me, portanto, a focar-me na terrível tendência, não tão actual quanto isso, para a hiper-especialização e "tecnicalização" deste nosso mundo competitivo.
Vivemos numa sociedade, rápida, desenvolvida, competitiva, feita de, para e por especialistas - sim, até no nosso cantinho chamado Portugal, para o efeito não faz diferença: se se tem um computador para ler este texto então também tem de se estar incluido. Cada um de nós sente, e é encorajado cada vez mais nesse sentido, que tem de ser o MELHOR (possível), seja lá no que for que cada um faça; temos de ser criativos, competitivos, produtivos e aspirar sempre a melhorar todos estes parâmetros da nossa actividade!
Quero já deixar claro que não tenho nada em concreto contra a competitividade e produtividade, nada em absoluto contra a criatividade, e que seguramente acho positivo que se procure melhorar, evoluir! O que me faz confusão é mais o processo através do qual é suposto serem atingidos estes resultados, é o "como", é o grau de excelência, levado ao paroxismo e à obsessão, necessário para dominar as máquinas com que trabalhamos - e as máquinas são: as propriamente ditas, mas também as instituições, as circunstâncias, as especificidades e idiossincracias de realidades cada vez mais complexas!
Eu tenho de saber tudo o que há para saber, dominar, estar à vontade, "baralhar e voltar a dar", os aspectos específicos da minha área de actividade, que por acaso são cada vez mais e que, felizmente para mim, até nem têm tanto a ver com produtividade ou competitividade quanto isso (mas isso é apenas uma feliz coincidência para mim e que não altera substancialmente o ponto que estou a demosntrar, em geral, uma vez que decidi ser músico e tenho de desenvolver mais a parte criativa). O problema é que, ou somos todos super-homens, ou quando finalmente soubermos o suficiente para sermos úteis à sociedade naquilo que decidimos fazer, tragicamente, já será demasiado tarde para aprender seja lá o que for sobre outra coisa qualquer!
Exagero? Talvez, mas a verdade é que a tendência vai cada vez mais no sentido de aparecerem cada vez mais técnicos hiper-competentes-especializadíssimos-maquinais-infalíveis e IGNORANTES, do que leigos-cultos-honestos-curiosos, enfim pessoas... Homens!
Mas o mais subversivo, na minha opinião, é que também há quem tente encapotar e amenizar esta tendência, proclamando que se deve aspirar é precisamente ao oposto. Não sei exactamente se se chama pós-modernismo ou não (sou suficientemente ignorante em epistemologia e Ciência Social para poder cometer destas gaffes), mas como é dos meus odiozinhos pessoais preferidos vou partir do princípio de que sim.
Não raras vezes se ouve falar de interdisciplinariedade, complementaridade dos saberes, de aprofundamento de conhecimentos em áreas distintas, como se fossem ideais a atingir, ou mesmo condições sine qua non para se ser produtivo, etc.
Mas a verdade é que nunca consegui deixar de sentir, ao ouvir representantes desta corrente, que talvez os próprios nem sequer acreditem muito bem no que apregoam! Parece que eles são os responáveis precisamente pelo contrário, pela especialização, pelo afunilamento, mas que depois, por um qualquer tipo de peso na consciência, por terem consciência dos malefícios do mundo complicado que criaram, aparentam encorajar que se lute contra essa visão redutora e que se seja "pós-moderno"!
Faz-se festinhas com uma mão e com a outra bate-se com o cinto! É que se alguém se aventura a sério neste "iluminismo" - chamemos-lhe assim - é relativamente fácil ficar-se proscrito, fora do circuito dos especialistas, e é-se logo acusado de se ser demasiado vago, disperso, pouco correcto tecnicamente, por parte dos professores-especialistas que, se calhar, noutra ocasião e contexto se afadigaram a incentivar precisamente esta pluridisciplinaridade!
Imagino que haja uma minoria destes resistentes, anacrónicos Homens do Renascimento, no limbo da excomungação desta nossa comunidade técnica (eu, por exemplo, conheço um e consigo conceber que haja mais... tal como as bruxas, ou os O.V.N.I.s). Depois há um grupo, não sei se minoritário ou não, daqueles que, não tendo a perseverança suficiente para resistir contra o tempo em que vivem, não têm outro remédio senão "irem-se especializando", enquanto mantêm, mais ou menos em segredo e esperando que ninguém repare nisso, uma certa admiração e uma pontinha de inveja salutar por essa estirpe cuja existência, às vezes, parece assemelhar-se à dos gambuzinos!
Pessoalmente não me considero nem super-homem, nem super-máquina. Posto perante o dilema de apostar mais em saber tudo sobre o meu ofício, e nada mais; ou em saber um pouco mais sobre tudo, para além do meu ofício; como diria o outro (não sei quem, mas gosto de usar esta expressão): "Entre les deux, mon coeur balance!".
Não consigo evitar sentir a angústia da ignorância quando finalmente, à custa de muito porfiar e obsecar com a minha música, começo a ter lampejos de compreender, por exemplo, a essência do estilo da música francesa por oposição à alemã e como exprimi-las, ou ainda mais especificamente, o significado daquele acorde obtuso e dissonante naquela peça de Brahms (podia ser ainda pior!). Da mesma forma que quando me dou ao trabalho de saber algo mais sobre o mundo que me rodeia, o que posso fazer por ele, por mim e pela nossa relação um com o outro, não me consigo livrar do receio da incapacidade técnica para exprimir seja lá o que for através de sons!
Para mim acho que resulta ir passando o peso do dilema de um pé para o outro... balançando, mas não faço ideia se funciona sempre e para qualquer um, ou se é uma coisa pessoal. É como se dentro de mim coexistissem um Renascimento e um Pós-modernismo que vou tentando conciliar. Se calhar é isso mesmo que quer(o) dizer - é o BARROQUISMO!
É certo que o Renascimento e o Iluminismo são anciães de 500 anos de idade, que o Barroco tem 300 e que não me passa pela cabeça que 500 anos depois ainda devessemos andar a (re-)descobrir o que esses homens notáveis conseguiram inventar. Acredito no progresso (pelo menos em algum dele), e acho que não viveria melhor se tivesse nascido em 1481 ou 1681, mas não imagino que possa aparecer um Leonardo da Vinci ou um Johann Sebastian Bach (AH, Bach!) no século XXI - daqui a alguns séculos a História se encarregará de me contradizer ou não - e esta nostalgia ninguém ma pode tirar.
Assim, como me é extraordinariamente difícil ter sequer pretensões a escrever algo relevante sobre, por exemplo: Conflitos Internacionais; Terrorismo; Pandemias; Calamidades Naturais; Questões Sociais; Problemas Políticos e eleições autárquicas, que não são bem a mesma coisa!; etc, etc, etc (ena, só assim fazendo uma enumeração, mesmo não exaustiva, é que uma pessoa se apercebe de quão mal vai o nosso Mundo), limito-me, portanto, a focar-me na terrível tendência, não tão actual quanto isso, para a hiper-especialização e "tecnicalização" deste nosso mundo competitivo.
Vivemos numa sociedade, rápida, desenvolvida, competitiva, feita de, para e por especialistas - sim, até no nosso cantinho chamado Portugal, para o efeito não faz diferença: se se tem um computador para ler este texto então também tem de se estar incluido. Cada um de nós sente, e é encorajado cada vez mais nesse sentido, que tem de ser o MELHOR (possível), seja lá no que for que cada um faça; temos de ser criativos, competitivos, produtivos e aspirar sempre a melhorar todos estes parâmetros da nossa actividade!
Quero já deixar claro que não tenho nada em concreto contra a competitividade e produtividade, nada em absoluto contra a criatividade, e que seguramente acho positivo que se procure melhorar, evoluir! O que me faz confusão é mais o processo através do qual é suposto serem atingidos estes resultados, é o "como", é o grau de excelência, levado ao paroxismo e à obsessão, necessário para dominar as máquinas com que trabalhamos - e as máquinas são: as propriamente ditas, mas também as instituições, as circunstâncias, as especificidades e idiossincracias de realidades cada vez mais complexas!
Eu tenho de saber tudo o que há para saber, dominar, estar à vontade, "baralhar e voltar a dar", os aspectos específicos da minha área de actividade, que por acaso são cada vez mais e que, felizmente para mim, até nem têm tanto a ver com produtividade ou competitividade quanto isso (mas isso é apenas uma feliz coincidência para mim e que não altera substancialmente o ponto que estou a demosntrar, em geral, uma vez que decidi ser músico e tenho de desenvolver mais a parte criativa). O problema é que, ou somos todos super-homens, ou quando finalmente soubermos o suficiente para sermos úteis à sociedade naquilo que decidimos fazer, tragicamente, já será demasiado tarde para aprender seja lá o que for sobre outra coisa qualquer!
Exagero? Talvez, mas a verdade é que a tendência vai cada vez mais no sentido de aparecerem cada vez mais técnicos hiper-competentes-especializadíssimos-maquinais-infalíveis e IGNORANTES, do que leigos-cultos-honestos-curiosos, enfim pessoas... Homens!
Mas o mais subversivo, na minha opinião, é que também há quem tente encapotar e amenizar esta tendência, proclamando que se deve aspirar é precisamente ao oposto. Não sei exactamente se se chama pós-modernismo ou não (sou suficientemente ignorante em epistemologia e Ciência Social para poder cometer destas gaffes), mas como é dos meus odiozinhos pessoais preferidos vou partir do princípio de que sim.
Não raras vezes se ouve falar de interdisciplinariedade, complementaridade dos saberes, de aprofundamento de conhecimentos em áreas distintas, como se fossem ideais a atingir, ou mesmo condições sine qua non para se ser produtivo, etc.
Mas a verdade é que nunca consegui deixar de sentir, ao ouvir representantes desta corrente, que talvez os próprios nem sequer acreditem muito bem no que apregoam! Parece que eles são os responáveis precisamente pelo contrário, pela especialização, pelo afunilamento, mas que depois, por um qualquer tipo de peso na consciência, por terem consciência dos malefícios do mundo complicado que criaram, aparentam encorajar que se lute contra essa visão redutora e que se seja "pós-moderno"!
Faz-se festinhas com uma mão e com a outra bate-se com o cinto! É que se alguém se aventura a sério neste "iluminismo" - chamemos-lhe assim - é relativamente fácil ficar-se proscrito, fora do circuito dos especialistas, e é-se logo acusado de se ser demasiado vago, disperso, pouco correcto tecnicamente, por parte dos professores-especialistas que, se calhar, noutra ocasião e contexto se afadigaram a incentivar precisamente esta pluridisciplinaridade!
Imagino que haja uma minoria destes resistentes, anacrónicos Homens do Renascimento, no limbo da excomungação desta nossa comunidade técnica (eu, por exemplo, conheço um e consigo conceber que haja mais... tal como as bruxas, ou os O.V.N.I.s). Depois há um grupo, não sei se minoritário ou não, daqueles que, não tendo a perseverança suficiente para resistir contra o tempo em que vivem, não têm outro remédio senão "irem-se especializando", enquanto mantêm, mais ou menos em segredo e esperando que ninguém repare nisso, uma certa admiração e uma pontinha de inveja salutar por essa estirpe cuja existência, às vezes, parece assemelhar-se à dos gambuzinos!
Pessoalmente não me considero nem super-homem, nem super-máquina. Posto perante o dilema de apostar mais em saber tudo sobre o meu ofício, e nada mais; ou em saber um pouco mais sobre tudo, para além do meu ofício; como diria o outro (não sei quem, mas gosto de usar esta expressão): "Entre les deux, mon coeur balance!".
Não consigo evitar sentir a angústia da ignorância quando finalmente, à custa de muito porfiar e obsecar com a minha música, começo a ter lampejos de compreender, por exemplo, a essência do estilo da música francesa por oposição à alemã e como exprimi-las, ou ainda mais especificamente, o significado daquele acorde obtuso e dissonante naquela peça de Brahms (podia ser ainda pior!). Da mesma forma que quando me dou ao trabalho de saber algo mais sobre o mundo que me rodeia, o que posso fazer por ele, por mim e pela nossa relação um com o outro, não me consigo livrar do receio da incapacidade técnica para exprimir seja lá o que for através de sons!
Para mim acho que resulta ir passando o peso do dilema de um pé para o outro... balançando, mas não faço ideia se funciona sempre e para qualquer um, ou se é uma coisa pessoal. É como se dentro de mim coexistissem um Renascimento e um Pós-modernismo que vou tentando conciliar. Se calhar é isso mesmo que quer(o) dizer - é o BARROQUISMO!
É certo que o Renascimento e o Iluminismo são anciães de 500 anos de idade, que o Barroco tem 300 e que não me passa pela cabeça que 500 anos depois ainda devessemos andar a (re-)descobrir o que esses homens notáveis conseguiram inventar. Acredito no progresso (pelo menos em algum dele), e acho que não viveria melhor se tivesse nascido em 1481 ou 1681, mas não imagino que possa aparecer um Leonardo da Vinci ou um Johann Sebastian Bach (AH, Bach!) no século XXI - daqui a alguns séculos a História se encarregará de me contradizer ou não - e esta nostalgia ninguém ma pode tirar.
Subscrever:
Mensagens (Atom)