Não sei se é um soneto ou uma sonata,
é-me igual, sou muito pouco exigente.
Por mim podia ser uma batata,
era-me mais ou menos indiferente.
Adagio, Allegro, Andante, tanto faz,
não tenho autonomia musical.
Bacalhau cozido, frito ou à bráz,
se for bem temperado, é-me igual!
Parece brincadeira mas é sério;
aquilo que me vem parar à boca
é para mim quase sempre um mistério.
E Música; Romântica ou Barroca,
é uma escolha quase sem critério,
pois personalidade tenho pouca.
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2 comentários:
andas perdido é certo, mas só se perde quem sabe quem é, e se há coisa que tu tens é carácter e personalidade!
Já que gosta de tratar assuntos sérios em forma de soneto brincalhão, aqui vai, copiado por quem não tem o mais pequeno talento para "sonetear", um "soneto em metáfora de música, dedicado ao cavalo do conde de Sabugal, que fazia grandes curvetas". De autor anónimo, foi publicado (provavelmente) no "Postilhão de Apolo", de seu nome completo "ECOS QUE O CLARIM DA FAMA DÁ: POSTILHÃO DE APOLO MONTADO NO PÉGASO, GIRANDO O UNIVERSO PARA DIVULGAR AO ORBE LITERÁRIO AS PEREGRINAS FLORES DA POESIA PORTUGUESA". Barroquísimo, claro!
Galhardo bruto, teu bizarro alento
Música é nova com que aos olhos cantas,
Pois, na harmonia de cadências tantas,
É clave o freio, é solfa o movimento.
Ao compasso da rédea, ao instrumento
Do chão que tocas, quando a vista encantas,
Já baixas grave, e agudo já levantas,
Onde o pisar é som e o andar concerto.
Cantam teus pés e teu meneio pronto,
Nas fugas, não, nas cláusulas metido,
Mil consonâncias forma em cada ponto.
Pois em solfas airosas suspendido,
Ergues em cada quebro um contraponto,
Fazes em cada passo um sustenido.
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